domingo, 29 de novembro de 2009

A Genialidade da Multidão

Há bastante deslealdade, ódio,
violência,
Absurdo no ser humano comum
Para suprir qualquer exército em qualquer dia.
E O Melhor No Assassinato São Aqueles
Que Pregam Contra Ele.
E O Melhor No Ódio São Aqueles
Que Pregam AMOR
E O MELHOR NA GUERRA
–FINALMENTE–SÃO AQUELES QUE
PREGAM
PAZ

Aqueles Que Pregam DEUS
PRECISAM de Deus
Aqueles Que Pregam PAZ
Não têm paz.
AQUELES QUE PREGAM AMOR
NÃO TÊM AMOR
CUIDADO COM OS PREGADORES
Cuidados com os Sabedores.

Cuidado
Com Aqueles Que
Estão SEMPRE
LENDO
LIVROS

Cuidado Com Aqueles Que Detestam
Pobreza Ou Que São Orgulhosos Dela

CUIDADO Com Aqueles Que Elogiam Fácil
Porque Eles Precisam De ELOGIOS De Volta

CUIDADO Com Aqueles Que Censuram Fácil
Eles Têm Medo Daquilo Que Não Conhecem

Cuidado Com Aqueles Que Procuram Constantes Multidões; Eles Não São Nada Sozinhos

Cuidado
Com O Homem Comum
Com A Mulher Comum
CUIDADO Com O Amor Deles

O Amor Deles É Comum, Procura O Comum
Mas Há Genialidade Em Seu Ódio
Há Bastante Genialidade Em Seu
Ódio Para Matar Você, Para Matar
Qualquer Um.

Sem Esperar Solidão
Sem Entender Solidão
Eles Tentarão Destruir
Qualquer Coisa
Que Seja Diferente
Deles Mesmos

Incapazes
De Criar Arte
Eles Não Irão
Compreender Arte

Eles Vão Considerar Sua Falha
Como Criadores
Apenas Como Uma Falha
Do Mundo

Incapazes De Amar Completamente
Eles Vão ACREDITAR Que Seu Amor É
Incompleto
E ELES VÃO ODIAR
VOCÊ

E Seu Ódio Será Perfeito
Como Um Diamante Brilhante
Como Uma Faca
Como Uma Montanha
COMO UM TIGRE
COMO Cicuta

Sua Mais Fina
ARTE
(Charles Bukowski)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

“Grupo Baader-Meinhof” e a “Festa do Balanço Geral” (ou Sinais de Barbárie Próxima)

Um bando no vagão do trem. Batem, dão socos nos bancos, nas portas, fazem o barulho que podem, riem de alguma coisa que os expectadores não sabem. Alguns deles caminham alucinados de um lado para o outro, os outros olham, gritam e guincham. Um puxa o calção do que está mais perto da porta. As mulheres que os acompanham mantém no rosto sorrisos câibricos. Em cada estação que o trem pára, pessoas entram, voltando do trabalho. “Pira-pirá-pirô” é uma das palavras de ordem daquele bando, entre o monte de coisas que gritam, quase tudo tirado de programas de tv. Um espetáculo grotesco. A maioria tem entre 15 e 20 anos, devem ter nascido entre 1989 e 1995. Quem são esses miseráveis, pobres coitados, desgraçados, cuspindo na cara de gente tranquila e normal sua miserável condição? Criaram uma geração de jovens fortemente identificados com o mundo do crime. Em seu linguajar e “ética”, refletem o mundo da cadeia e dos marginais. As periferias tem suas próprias leis, seus próprios heróis.
Um pouco de história. As elites vergaram a espinha da população pobre durante, muito tempo. O povo ficou humilde, dócil, paciente demais. A geração da televisão, internet e crack é mais rápida, e parecem ter, mesmo que vaga, uma noção de onde tudo isso veio. Não se submetem aos pais, cospem na cara deles sua fraqueza. O criminoso tem energia, atitude, não é um bunda-mole.

Pela rua

Pela rua
tantos rostos
tantas cruzes
de longe
todo mundo é igual
mar de gente
indo e vindo
ondas de pensamento
cada um com seus problemas
vida passando
correndo
mar de gente
um
mais um
mais um e mais um
tantos e quantos
parei aqui pra pensar
mas o que que era mesmo?
Nada de mais

Anticivilização

Se quiséssemos educação, teríamos escolas menos parecidas com centros de detenção, salas de aula com 18 a 22 alunos por turma, professor e um estagiário por turma (ideia do Gritti), equipamentos pedagógicos, profissionais bem formados e com tempo para preparar atividades, podendo avaliar satisfatoriamente o desempenho dos alunos. Formaríamos pessoas com sentido de cidadania, politizadas, críticas, providas de senso ético e estético desenvolvidos, dotadas das ferramentas mentais e emocionais necessárias para fazer escolhas e se guiar satisfatoriamente vida afora. Tão aptas a fazer escolhas, que poderiam até, no final das contas, chegar muito perto de organizarem suas vidas numa espécie de atmosfera “feliz”.

Mas não é isso que se quer.

Queremos uma espécie de recreação para crianças e adolescentes dos 6 aos 17 anos de idade. Queremos decoreba, cola, avaliações que nada avaliam. Queremos salas cheias, com 50 alunos, e que eles permaneçam lá 200 dias por ano A QUALQUER CUSTO presos em suas cadeiras. Queremos mantê-los mínima e mediocremente ocupados, apenas para que não fiquem nas ruas. Como recurso, um giz e um quadro-negro, um professor cansado e sem voz, no terceiro turno de trabalho. Queremos preparar massas indisciplinadas para formar um gigantesco exército de reserva, esperando uma vaga para apertar botões, embalar mercadorias, atender telefones, limpar banheiros e parabrisas, encher tanques, varrer o chão, juntar latinhas, adestrar cães. E assim, ninguém pode dizer que este ou aquele governo não cumpre com suas obrigações legais. Eles “dão” educação. A questão é de que tipo, mas essa pergunta ninguém se faz. E a cota do professor? Ah, sim, pois bem, ele é sim, responsável, ele é parte disso. Mas não muito. Muitos são pobres coitados que mal conseguiram completar a metade de seu curso, que mal conhecem as disciplinas que tentarão em vão ensinar. “We don´t need this education”. E só.