Ela aqui do lado a cinco, sete quadras da minha, e eu aqui sentado fazendo o quê com essas linhas sujas? Hoje não estou perdido inteiro como na maioria das vezes, mas continuo eivado de pensamentos imperfeitos, inundado pela escuridão do mundo e tropeçando nas ruas dessa cidade hostil. É a pobreza da nossa alma, do nosso cotidiano, e eu que desprezei as coisas simples da vida dos meus pais, eu mesmo quero o quê? Cozinho para um e me lembro que um dia tive uma mulher que me amava. Eu jamais a perdoei por isso, e foi isso que não deu certo.
O Estado protege quem tem culpa por isso tudo, e eu, como todos, seria esmagado se tentasse qualquer ato de revolta. Posso ir pelo caminho que nos é aberto nesse sistema porco e ir trabalhar para eles, desde que eu, claro está, fazer com que acreditem que posso lhes render muito mais dinheiro do que o que já ganham, e obrigatoriamente assinando um contrato onde me comprometo a me transmutar em algo diferente do que sou hoje, porque sendo aquele que sou hoje absolutamente não tenho o direito de viver dignamente. Tenho de viver embaixo do capacho da sociedade capitalista, vida de subterrâneo, levar uma vida anônima e sofrer calado e não parar pra pensar, apenas bufar e não levantar a cabeça, e respirar. É, é isso que vou fazer.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
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