segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Noites do Brasil


Sendo vasta a minha ignorância, inclusive histórica, sei pouco sobre Joaquim Nabuco. (Essa ignorância me ajudou bastante durante o curso, mas isso eu explico em outro texto). Sei que é baiano, que era escritor e que foi um dos cabeças do movimento abolicionista no Brasil do século XIX. O texto que segue foi musicado por Caetano Veloso em seu disco "Noites do Norte". Já conhecia o texto antes, é daquele tipo de texto que fica porque diz alguma coisa de profundo sobre nosso povo, nossa civilização. Resolvi postá-lo, é daquela série "Que raio de país é esse?"

A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil.Ela espalhou por nossas vastas solidões uma grande suavidade; seu contato foi a primeira forma que recebeu a natureza virgem do país, e foi a que ele guardou; ela povoou-o como se fosse uma religião natural e viva, com os seus mitos, suas legendas, seus encantamentos; insuflou-lhe sua alma infantil, suas tristezas sem pesar, suas lágrimas sem amargor, seu silêncio sem concentração, suas alegrias sem causa, sua felicidade sem dia seguinte...É ela o suspiro indefinível que exalam ao luar as nossas noites do norte.

Um comentário:

francamenteamigos disse...

"A escravidão permanecerá por muito tempo como característica nacional" no Brasil. Não é o que dizem. E o que dizem é que somos um povo solidário, miscigenado. Friccionando essas afirmações só dá pra pensar que o segunda afirmação é um eufemismo pra lá de sacana pra "perfumar" a primeira. Acho que o brasileiro precisa achar dignidade no seu rebolado, digo, o carnaval deveria ser a celebração do que somos em termos de sociedade, o natal à brasileira, não nosso elixir do esquecimento que equaliza na avenida facínoras e plebeus.
Ótimo texto, uma verdadeira navalhada na carne pútrida do corpo da pátria. Tu tens, talvez como eu, uma posição privilegiada Luciano. Está adquirindo, ainda que a duras penas e lentamente, estabilidade nessa sociedade, mas isso não te cala, te fazendo mais um cínico.

Juliano