sábado, 18 de dezembro de 2010

Quê?

O amor é uma invenção literária
o amor é tudo o que você precisa
o amor é um conceito
o amor está em toda parte
o amor é um lugar-comum
o amor está onde você nunca vai saber
o amor foi ferido de morte e já perdeu sua substância
o amor como um coágulo estacionário
o amor adoecido deitado no meio-fio afogado em seu próprio vômito
o amor morto por aquele que desconfiou do amor
o amor como refúgio para agressividade
o amor carregado em vendavais
o amor que tropeça nas palavras
o amor frágil inconstante escondido por trás de uma capa irônica opaca de não-dor e não-amor
o amor é uma urgência silenciosa
o amor é uma miragem
ela foi tomar um café e não voltou nunca mais (já fazem doze horas agora)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Por que não um delírio

Todo o universo, todo o tempo nele contido, até o ônibus da escola,
talvez seja só uma distração, de Deus, um papo furado.
Eis que estamos ainda anos-luz do fim,
uma inconcebível volúpia sai do buraco negro,
teorias mil, tudo que eu pus em mil brechas para entender quem sou,
vira merda nenhuma.
A curva do banheiro, foi só o necessário para nós,
Distraída, derivando de bolhas de sabão de louça,
fui consumido pelo teu olhar doméstico,
uma voz tênue preenche todo espaço das nossas cabeças
até o piscar de olhos derradeiro
que reintroduz constrangidamente a conformidade
é sexo numa impetuosa exclamação.
Não sendo mais a minha imagem convencional,
ardi em ti, juro por Deus, ah que bom,..., que bom, muito bom.
Isso só com o raio de um único olhar.
(Da lavra do Senhor Juliano Timmers, também conhecido como Magrozen, caríssimo irmão, como um sinal de admiração e respeito)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sobre a pedagogia divina

E eis que Deus disse: "Vai lá e te vira".

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Notícias da ilha ou Crônica de um amor anunciado

De automóvel pelas ruas de Florianópolis, vejo as paisagens se sucederem numa sequência de fazer parar a respiração. É como se a cada vez que olhasse pela janela estivesse vendo uma pintura diferente, magnífica. Aqui há um exagero da natureza, parece que o olhar não se acostuma nunca com o que vê. Quando vim pra cá, sabia que estava correndo um risco, mas estava absolutamente consciente do que poderia acontecer. E não deu outra. Estou agora declarando meu amor eterno por este lugar.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Além da Linha Vermelha, em uma frase

"Sem a transcendência, tudo é permitido."

sábado, 23 de janeiro de 2010

Antieducação

No dia que a gente quiser ter educação de verdade vamos ter escolas menos parecidas com presídios, salas de aula com menos alunos por turma, equipamentos pedagógicos adequados, profissionais bem formados e com tempo para preparar atividades, podendo avaliar satisfatoriamente o desempenho dos alunos. Formaríamos pessoas com sentido de cidadania, politizadas, críticas, providas de senso ético e estético desenvolvidos, dotadas das ferramentas mentais e emocionais básicas para fazer escolhas e se guiar satisfatoriamente vida afora. Tão aptas a fazer escolhas, que poderiam até, no final das contas, chegar muito perto de uma vida “feliz”.
Mas não é isso que queremos. Queremos uma espécie de recreação para crianças e adolescentes dos 6 aos 17 anos de idade. Queremos decoreba, cola, avaliações que nada avaliam. Queremos salas cheias, com 50 alunos, e que eles permaneçam lá 200 dias por ano A QUALQUER CUSTO presos em suas cadeiras. Queremos mantê-los mínima e mediocremente ocupados, apenas para que não fiquem nas ruas. Como recurso, um giz e um quadro-negro, um professor cansado e sem voz, no terceiro turno de trabalho. Queremos preparar massas indisciplinadas para formar um gigantesco exército de reserva, esperando uma vaga para apertar botões, embalar mercadorias, atender telefones, limpar banheiros e parabrisas, encher tanques, varrer o chão, juntar latinhas, adestrar cães, enfim, receber baixíssimos salários, cidadãos de segunda categoria. Assim, quanto aos “governos”, ninguém pode dizer que não cumpriram suas obrigações legais. Eles “dão” educação. Ninguém se pergunta se a questão é “de que tipo”. E a cota do professor? Ah, sim, ele também é responsável. Mas não muito. Muitos são pobres coitados que mal conseguiram completar a metade de seu curso, que mal conhecem as disciplinas que tentarão em vão ensinar. O “coitadismo” está disseminado entre a classe e é abominável, inútil. Muitos professores entram na sala de aula com a autoestima na sola do sapato, como gado entrando no brete, omissos. “We don´t need this education”. Ninguém precisa. Mas é essa a educação que queremos. E só.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Muito barulho ao redor (Pedro Juan Gutiérrez)

Sirvo um pouco de rum em dois copos. Penso que ninguém tem necessidade de pornografia. Precisamos de amor verdadeiro. E também precisamos de um pouco de espírito e religião e filosofia. Mas tudo isso exige tempo e silêncio e reflexão. Por isso a gente se perde. Por avançar rápido demais, com muito barulho em volta. O barulho entra em nós e então começamos a agir compulsivamente, sem refletir.
(Trilogia Suja de Havana)